segunda-feira, dezembro 30

AINDA SOBRE ENCONTROS, DESENCONTROS E REENCONTROS



          Essa temática e o clima de fim de ano me fazem lembrar de dois temas  que eu não quero virar o ano sem registrá-los neste blog.  A homenagem que me foi oferecida pelos colegas do TCU, em razão de minha recente aposentadoria e a poesia de Matheus Leão Pereira para o irmão Murilo Leão Pereira, por sua extrema profundidade.

          Na homenagem, os colegas do TCU ofereceram-me uma placa com um pensamento de Richard Bach, (cópia ao lado). Bach é autor do livro “Fernão Capelo Gaivota”, uma história sobre liberdade, aprendizagem e amor, que conclui que o amor e o perdão merecem respeito e parecem ser igualmente importantes para o processo de libertação da obediência às regras, apenas porque elas são comumente aceitas. Em sua fala, o atual secretário de Controle Externo do TCU no Pará, Arildo da Silva Oliveira externou sua convicção de que, mesmo afastado do TCU, eu estarei sempre junto aos colegas, até por comungar de ideais em comum. Sem dúvida.

Douglas Dinelly usa da palavra.
O jornalista e meu conterrâneo,  Douglas Dinelly, presente no evento, foi convidado a proferir uma saudação. Douglas lembrou nossas origens, das barrancas de terras caídas da ilha de Tupinambarana”, ilha que abriga a cidade de Parintins, no Estado do Amazonas. Lembrou também de minha família, atribuindo a essas raízes o sucesso em minha trajetória de vida, fundamentada nos valores  absorvidos na infância. Certamente.


Aos colegas de TCU e ao querido amigo Douglas Dinelly, externo aqui, de público, meu carinho e meu agradecimento.

A poesia de Matheus Pereira é um encontro escrito entre dois irmãos de sangue, que chama atenção pela profundidade das ideias e das palavras, o que se evidencia mais ainda, no texto complementar à poesia, onde o autor lembra ao irmão, que então completava dezoito anos, ser o aniversário apenas o início de uma nova fase em sua vida e que toda fase não existe por si só, mas resulta de um processo trilhado pacientemente. O jovem Matheus menciona Mahatma Ghandi, lembrando ao irmão que, para aquele líder pacifista, o desejo de vencer é o pressuposto da vitória diante dos grandes desafios.

Daí haver escrito o poema, não só por querer muito bem ao irmão, mas também por perceber a validade do ditado “eu quero, eu posso, eu consigo”, ressaltando que o fator essencial na condução plena da vida é a autoconfiança, que é fundamental na concretização de metas, sendo necessário que a pessoa se sinta capaz, se ela deseja alcançar sucesso numa atividade. “Assim, a diferença entre o mundo real e o sonho pode residir simplesmente na ideia. A ideia, esta sim, é fruto de amadurecimento pessoal e mental, e é a real desbravadora de fronteiras”.

Conclui Matheus, de apenas 20 anos e já estudante de engenharia química, no Instituto Militar de Engenharia/IME, no Rio de Janeiro,  “Quero dizer que você, sim, já está mais maduro não só por causa da data de hoje, mas por seu caminho e por seu anseio profissional na área da Biotecnologia e seus planos futuros. E como não poderia deixar de ser, desejo que sempre haja mais para você em corpo, mente e sonhos, pois você não merece menos que tudo!”

NÃO MENOS QUE TUDO

Matheus Leão Pereira

Ao corpo,
Não menos que
A plenitude,
A saúde
E o bem estar.

À mente,
Não menos que
A sabedoria,
A virtude,
A criatividade,
A coerência
E o amor.

Aos sonhos
Não menos que
O sol,
O luar,
A imensidão do oceano
E o azul celeste acima.

A você,
Não menos que
O horizonte infinito,
trajetos ascendentes
E visões paradisíacas.

Mereces somente isto:
Não menos que tudo.

Ofereço a poesia de Matheus Leão Pereira a meus leitores, para reflexão na virada de ano, quando identificamos nossos sonhos e anseios e projetamos o futuro. Um grande abraço e um Ano Novo de concretização de projetos.

          

sexta-feira, dezembro 20

MEU PRIMO MÁRIO E O NATAL





               O outono da vida permite mais isenção para se avaliar o que foi bom ter sido feito, se gostou de fazer e, se fosse possível, se faria novamente, talvez até melhor. E também, o que não foi legal e, com certeza, não se faria de novo. Sensação que se acentua às proximidades do Natal e da virada do ano. O que aconteceu neste ano de tão bom que adoraríamos se acontecesse de novo? O que faríamos melhor? O que não foi legal e desejamos que não ocorra  no próximo ano? Enfim, como gostaríamos que fossem os novos 365 dias que nos batem à porta? Aí vem a pergunta crucial: o que estamos fazendo ou nos comprometendo a fazer, para que os desejos se tornem realidade?

          Encontros, desencontros e reencontros são matéria muito frequente nessas reflexões, que alguns chamam de “balanços existenciais”.  

          Um reencontro foi extremamente gratificante pra mim, nos últimos meses deste ano. E o mais interessante, não foi um reencontro presencial, mas um reencontro virtual, desses proporcionados pelo avanço tecnológico dos dias em que vivemos e que nos deixam felizes quando acontecem. Felicidade maior só quando a gente se reencontra pra valer, pessoalmente, “ao vivo e a cores”.

Mário Paulain
          Assim foi meu reencontro virtual com o meu primo Mário.  Mário José das Chagas Paulain. Esse é o nome completo dele. Filho do tio Militão Paulain, irmão de minha mãe, Yolanda Paulain Ferreira. Esse sobrenome, Paulain, decorre de nossa ascendência francesa, em função de nosso bisavô materno, Milliton Paulain. Não o carrego porque meu pai, Octacílio José, achou por bem colocar nos seus filhos homens, seus  dois sobrenomes: Pessoa Ferreira. Pra complicar mais, adotei o nome político e depois, literário Octavio Pessoa.

          Mário e eu fomos colegas de Primário, no Grupo Escolar Araújo Filho e de Ginásio, no Colégio Nossa Senhora do Carmo, da então Prelazia de Parintins/AM. Brincamos juntos e juntos curtimos nossa adolescência e início da juventude, numa bucólica cidade da margem direita do rio Amazonas, conhecida  mundialmente por seu Festival Folclórico, realizado no último fim de semana de junho, quando se enfrentam os bois bumbás Caprichoso e Garantido.

Tempos felizes aqueles em que, com outros colegas como o Gláucio Vieira da Silva, o Zé Sérgio e o Neneca vivenciamos intensamente as experiências que a vida interiorana proporciona.

Uma “parada” inesquecível foi quando resolvemos apreciar do ponto mais alto da cidade, a torre da Igreja  do Sagrado Coração de Jesus, a passagem das volumosas águas do rio Amazonas. Pelo menos, esse foi o pretexto que usamos em nossa defesa. Chegamos ao coro da Igreja, escalamos a “casa dos sinos” e alcançamos a cúpula, nossa meta. Quando festejávamos a vitória, eis que surge na praça da Igreja, em sua potente moto,  o padre Sílvio Miotto. Enfurecido, retira a escada singela que dava acesso à “casa dos sinos” e nos deixa presos na torre da Igreja. Nossa descida só foi permitida, após chegarem todos os pais ou responsáveis e após aquela “mijada” do pároco, com seu sotaque calabrês. O circo já estava armado. Foi uma comoção nos arredores da Igreja, com muita gente reunida pra apreciar a curuminzada receber a punição. Soubemos depois que uma “barata de sacristia” foi responsável pela deduração.

Capela do Sagrado Coração de Jesus e Colégio do Carmo
Coisas da juventude. A necessidade de se desafiar para se afirmar. É opinião generalizada dos que passaram por aquele Colégio, que a formação que ali tivemos  foi definitiva para sermos quem hoje somos. Ali  absorvemos os valores que até hoje cultivamos, graças às orientações que recebemos numa instituição religiosa de ensino em que prevalecia o estudo de Humanidades.

          Findo o curso ginasial, Mário e eu seguimos rumos diferentes. Ele foi pra Manaus e eu vim pra Belém. Ele fez carreira na então Empresa Brasileira de Telecomunicações/Embratel. Idealista, uma característica que nos é comum, ele também  foi militante político. O Mário chegou a candidatar-se  e foi eleito prefeito do município amazonense de Nhamundá, situado à margem do rio de mesmo nome, que separa o estado do Amazonas, do estado do Pará. Região belíssima que tem do lado paraense as cidades de Faro e Terra Santa, com suas belas praias e natureza exuberante, origem dos nossos pais.

Hoje, afastado da política, Mário  também já é “dono do próprio tempo” e vive em Manaus.

Por todo o período que tocávamos cada um a sua vida, tivemos rápidos encontros. Uma vez aqui em Belém, numa vinda do Mário à capital paraense. Outra vez, em Manaus, em reunião com primos, primas e amigos, quando degustamos os mais diversos tipos de peixe, inclusive tambaqui assado na brasa, no Parintina, restaurante então explorado pela prima Eliete, irmã do Mário.

          Um dia desses, tive a grata satisfação de aceitar o pedido de amizade do Mário no Facebook e, desde então, a gente vem cultivando nossa amizade virtual. Numa das vezes, estimulei o Mário a também escrever “causos”, que ele deve ter aos montes. Compartilhei com ele um edital do Ministério da Cultura, voltado para pessoas de cidades com menos de 100 mil habitantes escreverem suas histórias e estórias. Ele está no páreo.

          Ontem, tive a grata satisfação de conhecer também o lado poético do Mário. Vejam a poesia que ele fez sobre o Natal:

Então  é  Natal!!
Mário Paulain

Que as tuas vozes nos vertam águas bentas 
Para a fecundação precoce do nosso imprescindível  amor ao próximo.
Que teus olhares  possam penetrar em todos os espíritos
E nos façam um mar de ternura, de bondade e de generosidade.
Que teus gestos semeiem em nós a fé e a esperança,
Mercê da grandeza cristã de todos que te festejam.
Que tuas luzes possam impregnar-nos de perseverança e de sabedoria
Para avançarmos firmes em nossas vicissitudes.
E que a grandiosidade da tua paz nos faça pessoas dóceis, amigas e leais, as quais desprezem veementemente o ódio, a inveja e o rancor!  
Que teu conjunto festivo de tua celebração
marque indelevelmente o amor em nosso coração e em nossa alma.
E que este dia 25, que simboliza o nascimento de Jesus Cristo,  
seja todos os dias do ano vindouro
Para cultivarmos sempre 
a fraternidade e para celebrarmos obstinadamente o amor e a paz
Para a sublime consecução de nossa vida.
Viva o amor! Viva a paz! Viva a vida! 
Feliz Natal ! 
De coração !!!!!!

        Mário, tá decidido, para o ano a gente se encontra em Manaus, Parintins e arredores, pra matarmos a saudade, curtirmos a delícias do Baixo Amazonas e assistirmos novamente ao mais lindo por do sol do mundo. 
Por do sol de Parintins-AM. 


segunda-feira, dezembro 2

SANTARÉM AGAIN

Natureza exuberante nas águas do Tapajós e do Amazonas


           Retorno amanhã à “Pérola do Tapajós”, pra participar do “Simpósio Cultura, Identidade e Memória Amazônida de Santarém”, uma realização do Programa de Extensão Cultura, Identidade e Memória na Amazônia" (PROEXT-CIMA), do Centro de Formação Interdisciplinar (CEI) da UFOPA, que tem por objetivo ampliar o debate sobre produção da cultura, identidade e memória no Baixo Amazonas, sua relação com a produção regional, nacional e internacional sobre o patrimônio material e imaterial brasileiro. 

          O Simpósio é um espaço de divulgação de atividades extensionistas, ensino e pesquisa, envolvendo a preservação da memória amazônida, da identidade e das demonstrações culturais das populações da região e a troca de experiências entre docentes, discentes, técnicos e a comunidade santarena.

 Vou ministrar, na quarta-feira, dia 4, no Auditório do Campus Tapajós da UFOPA, Universidade Federal do Oeste do Pará, a palestra “Causos Amazônicos: Uma relação Entre o Real e o Imaginário Amazônico”. 

           Considero o convite um dos frutos de minha estada naquela linda cidade, no início do mês de novembro, pra prestigiar o Salão do Livro do Baixo Amazonas, um evento da Feira Pan-Amazônica do Livro.